terça-feira, 15 de novembro de 2011

IDENTIDADE NO MUNDO GLOBALIZADO.

POR: JEFERSON BATISTA SILVA



Grande discussão da atualidade “a identidade” amplia seu foco reunindo grandes questões da contemporaneidade. Justiça, igualdade, cultura.
A compreensão verdadeira de meu mundo só ocorre no momento de sua desestabilização. Segundo Bauman só nos propomos a refletir sobre nossas vidas nos momentos de crise.
Há uma redefinição no processo histórico onde a natureza humana não é algo dado e sim algo a ser construído. Daí subentende uma lógica de busca de trabalho pelo se fazer. “Não foi mais vista, (a natureza humana) e não poderia ser, como “dada”. Em vez disso, tornou-se uma tarefa que todos tinham que enfrentar e executar da melhor forma que pudessem. A “predestinação” foi substituída pelo “projeto de vida”, o destino pela vocação – e a “ natureza humana”, na qual cada um nasceu, foi substituída “pela identidade”, que cada um precisa podar e adaptar.” BAUMAN, pág. 181
O processo moderno deveria criar um mundo mais propenso à vida humana. “o empreendimento moderno de tornar o mundo mais propenso a empreitada humana”. Ao discutir esta idéia, ele traz outro questionamento para além das materialidades, é preciso princípios do mundo das idéias, eu diria das leis. O viver em sociedade requer ajustes para a convivência. Citando Kant, ele apresenta a idéia dos homens sendo todos guiados pela razão. Esta razão levaria a uma análise do bem comum, daí originar a opção que seja a melhor para a coletividade. Funciona assim? Alguns pensadores pensam que não, daí a necessidade, segundo estes que não pensam como Kant, de haver uma “motivação” para que sigam a determinação que representa o melhor para o bem comum.
O autor retorna a idéia central, afirmando que a individualização moderna nada mais é do que a transição da identidade humana de coisa dada à algo a ser construído, trabalhado, projetado. Com o advento da industrialização e o próprio desenvolvimento do modo de produção, há uma nova forma de estruturação do Estado e dos papéis a serem realizados dentro dele. De uma estrutura estática, com papéis pré-definidos (dados) teremos uma transição para as classes. Classes dinâmicas na sua existência, nas suas ações e no seu próprio acesso. Daí o autor trabalhar com a idéia de que nos fazemos realizando as ações na busca de “encaixes”. Mas embora não tenhamos nada mais pré-definido, observa-se a manutenção da idéia de natureza humana na questão dos nichos da classe e em especial de gênero.
“As colocações individuais na sociedade e os lugares aos quais os indivíduos podem ganhar acesso e nos quais podem desejar se estabelecer estão se derretendo com rapidez e dificilmente podem servir como alvos para “projetos de vida”“. Bauman, pág. 185
 A partir desta observação o autor trabalha a idéia de que a busca pelo pertencimento, pelo “encaixe” é permanente sem nunca chegar a uma estabilidade, considerando que a “caixa” pode desaparecer em breve. Não pode haver um momento ou um tempo de descanso e acomodação. A relação entre identidade e pertencimento à “caixa” retrata exatamente esta idéia: como a caixa, a escolha pode desaparecer em instantes, minha identidade desaparecerá com ela. Daí estar sempre preparado a buscar uma nova “caixa” uma nova identidade. Há também dentro desta possibilidade de desaparecimento da “caixa” um temor pelo próprio fato de escolher e de bancar a escolha, daí as escolhas atuais se fragilizarem, desresponsabilizarem-se segundo o autor uma escolha descomprometida.
Sentindo as dinâmicas deste “novo” momento histórico e compreendendo ou considerando a impossibilidade de intervir nas coisas que realmente podem possibilitar mudanças reais no sistema de vida, passamos a buscar melhorias individuais, investimentos em situações sobre as quais temos controle ou imaginamos que temos.
Colapso da comunidade e a busca de uma Identidade que possa substituir e/ou ocupar este vazio deixado.
Uma transição da idéia de identidade para a de identificação. Uma busca permanente de pertencimento e projeto.


BIBLIOGRAFIA:

BAUMAN, Zygmunt. Identidade no mundo globalizante. In: A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Tradução de José Gradel. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. págs. 178-193.